domingo, 27 de novembro de 2011

Deve ser do choque

Segundo fontes anónimas, o meu pai disse isto em conversa com o homem que lhe está a fazer as obras na casa (que costumava ser minha):
- Eu sou viúvo, portanto a casa é minha por direito.

Para quem não sabe, os meus pais nunca foram casados. E mesmo que tivessem sido, separaram-se há quase 10 anos.

O meu pai está um bocadinho confuso.

sábado, 5 de novembro de 2011

Dois


- Ninguém me sabe explicar o que é a felicidade – resmungou Tiago, impaciente com o novelo de esparguete à bolonhesa poisado num prato à sua frente. A mãe estava a ficar enervada com a fúria do filho, que tentava apanhar os fios de massa sem fazer nenhum esforço aparente por suavizar o embate do garfo na loiça, provocando um ruído estridente e desafiando todas as cabeças no restaurante a virarem-se na sua direcção. Este efeito desaparecia depois das pessoas perceberem que não passava de uma criança a ser exasperante, e as atenções anteriormente dispensadas ao miúdo voltavam-se para a respectiva mãe, vestida com bom-senso num espaço cheio de fatos elegantes e boas maneiras, cada vez mais embaraçada com a terrível falta de decoro do filho.
- Tiaguinho, já lhe disse que comesse sossegado. Se conseguir comportar-se como deve ser, a mamã vai explicar-lhe tudinho acerca da - como disse?
- Da felicidade, mamã.
Ela olhou para o filho ao seu lado. Não percebia de onde vinha aquele estranho fascínio por coisas tão esquisitas. Seria das bandas desenhadas? Por via das dúvidas, decidiu, assim que chegassem a casa iria pô-lo a dormir no quarto da ama e dirigir-se-ia ao quarto dele. Pegaria em todos os exemplares de revistas e livrinhos tolos que conseguisse encontrar e pô-los-ia em cima da laje do quintal para que fossem levados de manhã pelas criadas, juntamente com o resto do lixo doméstico. A partir dali seguiria estritamente os conselhos do Dr. Martins relativamente às leituras indicadas a um rapaz como Tiago. «Introduza lentamente os clássicos da literatura, portuguesa e estrangeira; comece com pequenos sonetos de Camões e vá aumentando a exigência. Talvez daqui a três meses já lhe possa mostrar o primeiro ensaio filosófico. Tenha sempre presente que é necessária uma cultura da exigência, acima de tudo o mais. Lembre-se disso, e o menino será um génio.». Ela não se tinha esquecido desta conversa.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Saber perdoar.


Aqueles que me fizeram sofrer não são, nem nunca serão, indiferentes para mim, pela simples razão de termos algo em comum que dificilmente compete com gostos musicais semelhantes ou ideologias compatíveis: a certeza de um passado partilhado. Essa certeza prender-me-á para sempre a estas pessoas, pois nunca serei capaz de as esquecer. Isso torna-me incapaz de fingir que elas não existem, o que até pode ser verdade na medida em que não as deixo entrar na minha vida da mesma maneira que deixava (isto é, sem dúvida, sensato), mas é também falso, tendo em conta que elas podem não existir na minha vida, mas sei que estão vivas, e que vivem sem mim, rodeados de outras pessoas… Mas, mais importante que tudo isso, elas já fizeram parte da minha vida, e é o tal passado do qual eu não posso (nem devo) esconder-me, que faz com que a única solução para eu conseguir viver comigo mesma, com os meus erros e com os erros dos outros, seja aprender a perdoar, e ainda mais importante do que seguir em frente é conseguir lidar com aquilo que sinto de maneira a que, para me confortar, não precise de mentir a mim mesma dizendo que certa pessoa me é indiferente quando, na verdade, está longe de o ser. O desprezo pode resultar com quem nunca me desiludiu, mas nunca com pessoas em quem confiei. Desta forma estou a falsear a realidade, a atribuir importâncias falsas a eventos que me marcaram. Para conseguir sentir-me bem com o meu passado, o que tenho de fazer é encarar a realidade bem de frente, e para isso não basta chegar à “brilhante” conclusão de que me magoaram. Saberei que atingi o meu objectivo quando, um dia, me encontrar na mesma sala com o meu pai, a minha avó ou o Henrique, e for capaz de admitir para comigo mesma que me sinto mal, que tenho borboletas no estômago, que quero sair dali, mas que, apesar de tudo isso, também sei que tenho de ser superior e ir ter com eles, cumprimentá-los educadamente, e mostrar-lhes que não têm de derrubar nenhuma barreira para chegarem até mim, pois eu já baixei todos os muros defensivos. Já não tenho nada a esconder, posso dizer-lhes que tenho medo, que sinto vontade de chorar, que gostava que as coisas tivessem sido diferentes. Assim, não terão nada a usar contra mim a não ser as minhas próprias palavras, e ninguém me pode abater com a verdade, pois ela está do meu lado, e quando não estiver, admiti-lo-ei. Se tiver de cair, cairei. Mas o peso de saber que não fiz o suficiente já não estará lá.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um Bairro Qualquer

Algo se estava a passar. Miguel não abria a porta, mesmo depois de a campainha ter tocado ruidosamente mais de dez vezes seguidas. O dedo de Paula doía de tanto pressinar o interruptor. Tinha chegado há cerca de meia hora ao bairro, chamado o elevador, e como sabia que Miguel tinha saído na noite anterior pensou que pudesse estar de ressaca no quarto ou na casa-de-banho, e, por isso, esperou. Ia tocando pacientemente no botão da campainha, esperando cerca de cinco minutos entre cada nova tentativa. Após cinco tentativas falhadas, e depois de ter a prova inelutável de que a casa não estava vazia, pois ouviu um baque surdo lá dentro, na madeira do soalho, muito perto da mesa de pinho escura que ela sabia estar ao lado da porta, Paula começou a insistir mais, aumentando a frequência dos toques para dois ou três a cada cinco minutos, até que finalmente ouviu um gemido carrancudo do outro lado.
- Pára, porra. Já vou.

sábado, 23 de julho de 2011

O legado da História

A História da Humanidade é um ciclo de repetições, mais ou menos disfarçadas e alteradas, com condicionantes específicas da conjuntura da época e das mentalidades dominantes, mas sempre, inexoravelmente, presa ao passado. Será o Homem ao mesmo tempo tão previsível e cego, que por mais décadas que passem, em que as mesmas causas geram os mesmo efeitos, os mesmo erros geram as mesmas consequências desastrosas (ou ainda piores), continuaremos a ignorar o legado que a História nos deixa?

Ontem a Noruega foi palco da maior convulsão social desde a 2ª Guerra Mundial. Um país conhecido pelo seu controle da violência fundamentalista, mesmo até pela ausência dela, sofreu ontem um ataque bombista no centro de Oslo que vitimou 7 pessoas, e feriu outras tantas. Mais tarde, um tiroteio ocorreu na ilha de Utoeya em que 91 jovens militantes do Partido Trabalhista foram mortos, sem contar com os restantes feridos e os que conseguiram escapar, atravessando o fiorde a nado, alguns morrendo na tentativa de fuga, já que o atirador continuava a disparar para a água. Fui para a sala de estar e assisti ao chocante retrato da barbárie, na RTP1. Porém, os meus cabelos ficaram em pé quando ouvi o repórter dizer que o suspeito era o norueguês de 32 anos Anders Behring, apanhado no local do tiroteio com uma faca, assumidamente nacionalista de extrema-direita, anti-islamista e fundamentalista cristão. "Não contávamos com uma ameaça da extrema-direita, mas sim do extremismo islamista", afirmam os serviços de segurança interna.

A Al-Qaeda é o bode expiatório do Ocidente. À falta de melhores hipóteses, acusa-se o Islão. É, de facto, uma versão dos factos que, apesar de anti-democrática e revelante de uma alarmante falta de ética da comunidade jornalística, é ao mesmo tempo extremamente bem aceite pelo público. Torna-se um lugar comum culpar os muçulmanos por todos os males da Terra, tal como na Idade Média se fazia com os judeus, e na Guerra Fria com os comunistas. Dá sempre jeito focar a opinião pública num grupo particularmente odiado e temido para ofuscar as questões verdadeiramente importantes, mas o ser humano nunca aprende com os erros que cometeu, como raça ou nação, no passado, e continua sempre a cair nas mesmas espirais de totalitarismo, opressão e violência.

Atravessamos uma crise económica, social, e em breve política. O Estado Social keynesiano tem os dias contados, e mais cedo ou mais tarde, o modelo americano impor-se-á. No entanto, nunca a economia mundial foi tão afectada por tantas crises consecutivas como aquando da instituição de estados neo-liberais, que promovem o capitalismo selvagem e aniquilam os direitos sociais. É nestes contextos de crise económica, de caos social e descrença do poder político, que surgem convulsões sociais decididas a reinstaurar a ordem, a riqueza e o prestígio. São as opções de extrema-direita. Aquelas que defendem um Estado forte, isolado, nacionalista, agressivo perante os valores democráticos, aniquilador da vontade humana. Anders Behring representa o princípio do fim, a primeira explosão daquilo que será uma violenta revolução.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Não sei como quero ser quando for grande.

Pergunto-me o que estará ela a pensar agora, enquanto lava a loiça furiosamente. Suponho que se esteja a pôr no papel de eterna vítima, como sempre. Até consigo imaginar o monólogo interior: "Toda a gente me odeia, todos me fazem sofrer, ninguém me ouve, ninguém me ajuda ...". E eu pergunto-te, avó, mas como? Como te poderia eu ajudar se tu não queres ser ajudada? Se mesmo sabendo que as tuas costas não aguentam, continuas a carregar com pesos e a aspirar o chão? Se te pões contantemente no papel de mártir, fazendo sacrifícios tais pelos outros que eles não te pedem, porque não querem que tu os faças por eles? Se és tu própria que te fazes sofrer, pois é uma maneira de sentires que és melhor do que as outras pessoas, pois sacrificas-te por elas de uma forma tão ridícula, exagerada e subserviente, que depois elas fazem de ti o que querem e dão-te punhaladas nas costas?
Depois das discussões és rancorosa. Continuas a resmungar e a gritar e a falar mal com toda a gente. A culpa é sempre de todos e nunca tua, e sempre particularmente de alguém, O Escolhido da tua raiva. Hoje, a escolhida fui eu...
Eu percebo que estejas exausta das arrumações. Quem não estaria? Mas se tivesses calma poupavas a ti própria e aos outros um grande frete. Às vezes tornas-te mesmo má, parece que fazes pagar aos outros aquilo que te acontece depois dos esforços sobrehumanos que fazes sem ninguém to pedir. Parece que carregas uma cruz às costas que é o teu calvário, e que todas as outras pessoas no mundo são os "romanos" que ta puseram nos ombros. Isso é ridículo!!! Estás tão preocupada com a tua miséria fatídica, a tua infelicidade crónica, que nem consegues valorizar os actos e os gestos das pessoas que te amam. Tomas tudo na defensiva. E eu estou farta. Farta, porque simplesmente não sou capaz de lidar com essa tua personalidade distorcida. Desfiguras tudo, distorces tudo, fazes-me sentir má por erros inocentes que cometo sem intenção.

Não sei como quero ser quando for grande, mas com certeza não quero ser como tu.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Já não há incêndios em Portugal

As eleições de 5 de Junho proporcionaram algo de intrinsecamente extraordinário, e inimaginável ao nosso país. Algo que nunca, nem nos nossos sonhos mais audaciosos, nos passou pela cabeça. Apercebi-me disso só hoje, tal como acontece com todos os acontecimentos dignos de se escrever sobre eles num blog, ao ler um artigo online da Visão Verde, que dizia: "Quase 4 mil fogos desde maio". Pensei, maio? Maio de 2011?
Perplexa, pois ainda não tinha ouvido falar de incêndios ocorridos neste ano civil, ao contrário dos anos anteriores em que a comunicação social fazia questão de propagandar, num autêntico grito de pânico, o mais pequeno fogo que ateasse em terras lusas, perguntei à minha avó se tinha ouvido falar de algum fogo recente. Ela disse que não. Quando lhe mostrei o número aterrador, ela abriu muito a boca de espanto e disse: "Valha-nos Deus".

Mas eu digo: Valha-nos o Passos Coelho. Ou deveria antes dizer "Valha-nos a elite partidária portuguesa"? Ou ainda "Valha-nos a palhaçada demagógica que foi a pré-campanha desde o ano passado até às eleições"? Na febre das declarações insípidas e vazias de conteúdo, dos arruaceiros partidários, das afirmações sem nexo, das acusações e dos linchamentos públicos, que os órgãos de comunicação social gostaram tanto de fomentar e dar cobertura mediática, esqueceram-se problemas ambientais, sociais e mesmo económicos que são crónicos em Portugal. Tudo isto se pauta por dois aspectos: por um lado, a insensatez e a inconsciência dos próprios dirigentes que se preocupam mais em puxar a brasa à sua sardinha e a responder a comentários sem interesse nenhum para o bem-estar social, do que a manter aceso o debate teórico sobre os tais problemas crónicos que o nosso país enfrenta, nomeadamente desde a entrada na CEE em 1986, tais como o défice público, as elevadas taxas de juro, o fraco investimento na investigação, a má estruturação da propriedade agrícola... e, como é óbvio, os incêncios, que as fracas medidas legislativas não conseguem conter. Sempre que se traz um destes assuntos à baila, é como se se estivesse a tentar convencer o eleitorado e a ganhar pontos para as eleições seguintes. A política é um simples jogo de poder, só que em Portugal os jogadores não sabem fazer a poker-face como deve ser... o que me faz sentir, pessoalmente, que estão a gozar com a nossa inteligência mesmo à frente dos nossos narizes, e ainda assim damos-lhes os nossos votos uma e outra vez.

Mas a comunicação social não é menos responsável pelo desastre da "amnésia generalizada" no que respeita aos fogos. Parece-me que cada vez mais é adoptado um modelo noticioso pró-americano, típico de agências como a Fox News, a CNN ou mesmo a MSNBC, em que o lema é basicamente "Dividir para conquistar", baseado no sensacionalismo e no espectáculo, e principalmente numa autêntica comercialização do conteúdo jornalístico, o que, se pensarmos bem, é até certo ponto inevitável, mas que acaba por transformar todos os acontecimentos em puros actos de cena, em que o melhor actor ganha os aplausos da plateia e mais um sucesso mediático, para ser incluído no seu currículo. Neste contexto, pouco importa a quantidade de fogos que há no país. Um acontecimento só se torna notícia se os políticos falarem nele. Como nenhum fala dos fogos, simplesmente não se fala deles. Mesmo que, desde Maio, tenham havido quase 4 mil.

Nunca a frase "Tudo é política" teve um significado tão obscuro e tão irónico, como hoje.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Anagramas

   tudo Mingua. Algo
         cAminha ao longo da
praia.  Nada, é um passo
     de  Gigante zangado. És
        o Adamastor do areal.



         chove Lá fora...
             dá Outro toque
antes que o Vento
                  lEve, o que resta do teu coração.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Perguntas e Respostas.

1. Em que século estamos?
RESPOSTA: Século XXI

2. Há quantos anos, aproximadamente, foi reconhecido estatuto de igualdade à mulher pela Constituição da República Portuguesa?
RESPOSTA: Há exactamente 35 anos, em 1976, após a Revolução dos Cravos de 1974.

3. Qual o nome de uma das fundadoras da Sociologia? Começa por H...
RESPOSTA: Harriet Martineau.

4. (silêncio pensativo) (rebuscando no índice do manual de Sociologia do 12º ano este nome - não encontrado) (procurando no capítulo respeitante aos primórdios da disciplina - não encontrado) (tentanto encontrar algo no capítulo da discriminação e das desigualdades sociais - não encontrado)...

RESPOSTA: Não será porque, nos dias de hoje, as instituições sociais continuam inevitavelmente presas ao passado, temendo por alguma razão a mulher como ser emancipado e capaz? A indiferença a que esta socióloga foi votada ainda viva, no século XIX, perpetua-se nos dias de hoje, sem que ninguém lhe preste a devida honra ou reconheça o seu contributo na luta contra a escravatura americana. O facto é que não existe no meu manual escolar uma única referência a Martineau, apesar de ela ter sido uma pensadora incontornável da elite intelectual inglesa na época vitoriana, e de os poucos artigos que consegui encontrar na Internet acerca do assunto o confirmarem. No fundo, acho que os valores da igualdade de géneros ainda estão muito verdes, para uma sociedade cujas normas continuam, em grande parte, presas nos anos 60, na moral puritana e redutora da mulher a um papel passivo. Continuamos presos a uma concepção patriarcal da sociedade, mesmo que inconscientemente: as nossas instituições sociais e políticas não estão a actuar eficazmente, de forma a igualar os contributos de homens e mulheres com base na sua qualidade, não no seu género. Este problema devia ser erradicado, ou pelo menos combatido, através do sistema educativo, que tem por obrigação incluir nos currículos as obras de autoras anteriormente ignoradas. Há que fazer uma revisão geral das ciências e das áreas do conhecimento das quais as mulheres foram excluídas em tempos passados, e reconhecer igual importância a cientistas e pensadores de ambos os sexos cujo contributo foi de igual forma decisivo nas suas áreas.

Podia estender este comentário à Europa em geral, e quem sabe ao mundo. Não preciso de olhar para todos os manuais escolares de Sociologia da UE para ficar a saber que esta socióloga não aparece na maior parte deles: basta-me pesquisar o seu nome no Google, e percebo que o número reduzido de páginas disponíveis acerca do seu trabalho é sintomático da pouca importância dada ao seu contributo no campo as ciências socio-económicas. É uma pena, já que Harriet foi a primeira na sua área de estudos a dar importância às práticas sociais em contexto doméstico e religioso, bem como ao estudo das falhas na política norte-americana, que desmistificou na obra Society in America. Martineau foi uma acérrima abolicionista, posição essa que consolidou na viagem de dois anos que fez pelos EUA e que inspirou as suas obras posteriores. Ela defendia uma mudança rápida e urgente nas mentalidades e nas estruturas político-judiciais, opondo-se a vários outros defensores da abolição da escravatura que defendiam uma via mais reformista e burocrática, através de um processo mais lento e gradual.

NOTA: Este comentário foi feito após uma pesquisa acerca de Harriet Martineau, a qual admito que não foi suficientemente apurada para que possa afirmar com toda a convicção certos factos, como quando afirmo que ela foi votada a "indiferença" no seu tempo. Na verdade, a Wikipédia e outros sites que visitei relatam uma infância de certas privações e uma fase de dificuldades económicas e a nível de saúde, já em adulta. Porém, no que respeita ao sucesso das suas obras e às críticas, as referências negativas são poucas, mas as restantes também não são propriamente esclarecedoras. Este post está, portanto, sujeito a alterações e a melhorias futuras.

sábado, 7 de maio de 2011

Ser Palhaço

Ser palhaço é pintar um riso numa boca triste.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Parva da Geração Parva - Mais uma Parva a Aparvoar.

Ontem à noite pesquisei o nome "Isabel Stilwell" no Google. Fui parar a um artigo do Destak em que esta senhora explica, tão sabiamente, quão burros e atrasados são os jovens portugueses, que para além de pobres, coisa que Stilwell com certeza sabe o que é, são mal agradecidos. "Deixem-se de mariquices e vão mazé trabalhar, pá!", diz ela. Bem, na verdade não diz, mas bem podia dizer, que a ideia era a mesma.
Eu, sinceramente, desconheço o percurso de vida desta mulher. Nem tampouco faço a mais pequena ideia de quem ela seja. Dela só sei aquilo que li neste artigo, e isso basta-me. Basta-me saber que, para ela, os verdadeiros culpados da crise somos nós, os jovens estudantes, os jovens trabalhadores, os jovens empresários, os jovens desempregados... porque o Mundo à nossa volta é o Pai Natal, e o contexto de crise internacional e de bancarrota é completamente irrelevante para o caso. É assim. O país dá-nos tudo, e nós é que não lhe damos nada a ele. Ora essa, só é desempregado quem quer, não é Isabel?

Então e os nossos pais e avós que, aparentemente, cantaram no Ultramar? E já que se falam desses, então e os reis, rainhas e nobres portugueses, padroeiros dos Descobrimentos? Bem, segundo esta senhora, todos eles estão às voltas na tumba, por esta Geração Rasca, que não se desenrasca. Que vergonha. Que desilusão. Suponho que os jovens desempregados, desgraçados, do Crash da Bolsa de 1929 também fossem uns incompetentes. Resumindo, o grande problema que eu tenho com esta "crítica" da dona Stilwell é que mais uma vez, como sempre, para sempre, a batata quente da luta pelo desenvolvimento e recuperação económica é passada para a geração seguinte, sem que a parte que realmente criou o contexto de crise assuma qualquer responsabilidade. Isso enerva-me solenemente, e ainda mais se a pessoa em questão nem sequer se digna a apresentar soluções viáveis para o problema.

Politiquices

Silvio Berlusconi disse, quando questionado acerca do destino dos 6200 imigrantes ilegais vindos do Norte de África, em alusão às suas festas "bunga-bunga":
- De acordo com um inquérito, quando questionadas se gostariam de ter sexo comigo, 30% responderam que sim, e as restantes 70% perguntaram "O quê? Outra vez?".

quarta-feira, 9 de março de 2011

Há momentos inesquecíveis

Nesta vida há momentos inesquecíveis.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Uma Lição de Inglês

Real Eyes
      







REALIZE




 
Real Lies.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Composição de Português - desisto.

Cheguei a um ponto em que digo, mesmo: desisto! Estou farta de tentar escrever uma porcaria de uma reflexão com limite de 200 palavras! Não dá! Eu escrevo como me apetece e me dá na gana, olha agora... Bah.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Estudo para composição de Português (tentativa 2)

NOTA: letras vermelhas é o que quero alterar

"Perseverança? Não, não é bem isso... a palavra não me soa bem. Força? Coragem? Isso é o que toda a gente vai dizer. Não, já sei: altruísmo e modéstia.

Um herói tem de pensar nos outros. Ele põe-se sempre na pele dos que o rodeiam, tenta percebê-los e ajudá-los da melhor maneira que pode. Um herói não precisa necessariamente de acertar sempre: precisa de saber olhar para o que fez de errado e esforçar-se por não o repetir/se corrigir. Um herói não se gaba.

Acho que, no fundo, o que quero dizer é que um herói tem consciência. Isso significa que, antes de pensar naquilo que é melhor para si, pensa naqueles que dependem dele. Por exemplo,..."

Estudo para composição de Português (tentativa 1)

Num texto bem estruturado, com um mínimo de cento e cinquenta e um máximo de duzentas palavras, apresenta uma reflexão sobre o que é, para ti, ser hoje um herói. Refere a virtude que consideres ser-lhe forçosamente indispensável. Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

[NOTA: letra vermelha são as partes que quero mudar
              (?) são as partes que não fazem sentido (nem na minha cabeça...)]

"Não acredito em heróis. Acredito em pessoas reais, com vidas reais, problemas reais, qualidades reais e defeitos reais. Acredito que não há ninguém infalível, que niguém devia ser divinizado, idolatrado ou sobrevalorizado devido a certos traços que tem, ou a actos que pratica, ou a ideologias que defende. Acredito na unidade do ser-humano, na individualidade de cada um de nós e na necessidade que todos temos de compensar connosco próprios as nossas próprias falhas. Mas ao dizer isto, torno-me numa dessas pessoas papagueantes que pensa estar a dizer uma coisa extremamente profunda e visionária, mas que afinal é apenas um «cliché», ou a vida como eu gostaria que ela fosse. Afinal, o que seria de nós se não fossem... os heróis? Melhor ainda, afinal, o que é um herói?

Para mim, um herói é alguém que não é ninguém (?). Imagino, por exemplo, o Martin Luther King, que desempenhou um papel importantíssimo na luta pela igualdade racial nos EUA. Depois imagino a minha mãe, que um dia me olhou de soslaio, rigidamente, após eu ter proferido uma piada racista sem sequer me aperceber. É claro que o M. L. King mudou vidas, mas o olhar da minha mãe, naquele dia, mudou a minha vida. E um herói não é suposto ser um exemplo pessoal?

Resultado: FAIL

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Anedota do Ano

De: Pai
17/02/2011  19:38

eu propus lacharmos na 3ª-feira passada, não amanhã, que nao posso.

além disso o que se passou na 2ª-feira ainda me magoa muito.

acho que preciso de algum tempo.

bj grd

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Sério?



Estou horrorizada.

Esta mulher... sujeitou-se a usar espartilhos tão apertados, provavelmente desde que se tornou uma mulherzinha, que ficou com uma cintura literalmente de vespa!!
Esta foto é do princípio de 1900... porém hoje em dia é-nos difícil olhar para isto e compreender que, de facto, ela era considerada bela no seu tempo. Os padrões de beleza alteram-se, mas aparentemente sempre foram cruéis. Principalmente para com as mulheres.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Egipto é livre?

Mubarak caiu. O regime morreu? Agora está nas mãos de quem o povo egípcio escolher nas primeiras eleições honestas e transparentes (esperamos) desde há mais de 30 anos. Mas até lá, há ainda um longo caminho a percorrer. Uma nação não se torna democrática de um momento para o outro, ou melhor, uma democracia não se constrói assim, sem mais nem menos, especialmente quando as instituições sociais, culturais e políticas desse país não têm qualquer tradição demoliberal. É nestas alturas que eu entendo a necessidade da ajuda e da cooperação internacional... se ao menos essas "ajudas" fossem desinteressadas e verdadeiramente cooperativas, não os europeus e os americanos acharem que têm o direito de impôr a nações distintas os seus ideais. Também não ao ponto de sufocar as tentativas de diálogo interno entre Governo Provisório e população, de tal maneira enredados vão estar os líderes do movimento em conferências, debates e declarações.

Tenho muitas dúvidas quanto à tomada de posse pelo exército... ter sido o próprio Mubarak a delegar o poder político nas Forças Armadas vai obviamente perpetuar muitas ou mesmo todas as injustiças contra as quais o Egipto anda a lutar desde Janeiro. O Exército já expressou o seu apoio às reformas pretendidas pelo (agora) ex-presidente, e houve mesmo um coronel que leu um discurso pró-Mubarak em frente a uma multidão de manifestantes anti-regime enraivecidos: "Vocês desiludiram-nos, depositámos toda a nossa esperança em vocês".

Algo novo aguarda o Egipto. Eu não possuo poderes visionários, mas penso que os dias de silêncio e de opressão acabaram. Mesmo que uma ditadura militar se instale, os egípcios não se vão sentar como condenados no banco dos réus e ver a sua luta morrer. Já ninguém duvida, ou pelo menos não devia, do poder do Todo e nas mudanças positivas que a união pode operar. Os militares que se acautelem... e que não estiquem muito a paciência dos que verdadeiramente conquistaram a liberdade.

As ruas ainda estão cheias.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Rádio Okapi - A Luta pela Democracia no Congo

A República Democrática do Congo, anterior Zaire, é o terceiro maior país de África, o mais populoso país francófono, e o décimo segundo mais populoso do Mundo. Falamos de cerca de 70 milhões de habitantes, salvo erro, todos eles filhos e filhas de um país dividido por guerras étnicas, corrupção, fome, HIV e carências de todo o tipo. A Morte é visita diária nas ruas e nos campos, onde carros-patrulha do Exército vagueiam à espera de uma oportunidade para extorquir dinheiro aos locais. "Esperamos que as Forças Armadas nos protejam, não que sejam os nossos carrascos", afirma o povo. A verdade é que o sistema já de si corrupto proporciona estas situações. O Congo está na lista negra da ONU no que toca ao desrespeito pelos Direitos Humanos, de tal forma que a palavra "Democrática" no nome do país dá uma sensação de muito grande contradição.

O ano passado, os congolenses puderam pela primeira vez em 40 anos votar livremente. Até que ponto essas eleições foram livres, não o sei, mas a verdade é que as ilegalidades e os "assédios", nome dado à extorção de dinheiro por parte dos soldados com a desculpa de serem taxas de passagem, continuam a acontecer todos os dias, em todos os rios, mercados e por vezes até em estradas secundárias! Os tanques verdes e os homens fardados dentro deles inspiram terror, frustração e suspeição por onde quer que passem.

O papel da ONU na regulação das actividades militares e de segurança pública tem sido até agora claramente insuficiente. Os poucos anos de democracia a que o Congo teve direito deixaram, porém, as suas marcas no povo, que não se cala perante as injustiças. "Já ninguém tem medo de falar e de dar a cara. Aqui, as pessoas sentem-se livres e dizem tudo o que se passa de errado", afirma um dos jornalistas da Rádio Okapi. Esta estação bate os recordes de audiência no país, e as pessoas que a ouvem acreditam que é uma forma de educação. À falta da escola, ouve-se a Okapi. É  a única rádio do país que fala abertamente de todos os casos de corrupção, violência e opressão. Tem oito ramificações que lhe permitem chegar até às localidades mais remotas, e a informação é incrivelmente actualizada e precisa. "Já me tentaram comprar, já me ameaçaram de morte e tive de pôr gradeamento em toda a minha casa, mas amo aquilo que faço e sinto que o faço não só por mim, mas por todos os congolenses que sofrem com as injustiças perpetuadas pelo Governo", diz.



NOTA: informações geo-políticas retiradas de www.wikipedia.pt.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porquê votar Manuel Alegre?

Penso que numa época de crise económica, financeira, política e brevemente (não tenhamos dúvidas) social, o que qualquer português devia desejar acima de tudo era mudança. Mudança para melhor. E mudar um país inteiro mergulhado em dívidas e lutas políticas requer muito, mas mesmo muito esforço.

A possibilidade de o FMI entrar em Portugal veio piorar as coisas. Cá para mim candidatos à Presidência que exigem que o adversário suspenda a campanha até que se consiga parar o organismo financeiro de penetrar a fronteira nacional parece-me sem sombra de dúvida uma manobra de diversão. Apesar disso, eu votaria, sem pestanejar, em Manuel Alegre. Infelizmente ainda não tenho 18 anos.

É uma questão de parar e pensar logicamente: Cavaco é, na opinião de demasiadas almas perdidas, uma das razões para o nosso país estar como está hoje em dia. E todos sabemos que, por muitos Defensores-Moura e Francisquinhos que apareçam com as melhores intenções (não haja dúvida...), a verdadeira corrida é inexoravelmente entre PS e PSD. O que candidatos como Francisco Lopes fazem é apenas dividir ainda mais uma esquerda já de si enfraquecida e partida em bocados. A única saída, infelizmente, é votar Alegre.

Os que votarem Cavaco votam num demagogo. Os que votarem Lopes votam num fantoche. Os que votarem Defensor-Moura ou Nobre... enfim.

Votar Alegre é dar um passo em frente. Votar Cavaco é dar dois passos para trás.