Estou a andar de patins há 1 hora. Cansei-me, sinto uma dormência nos pés, nas pernas, que me sobe pelo corpo todo até à cabeça. É mais do que um sonho, a sensação de ser tão leve que o vento me pode levantar no ar e fazer voar sobre o rio.
Breve descrição do Tejo:
Sujo, imundo dos dejectos dos seus habitantes. Já não é a 1ª vez, e não será a última.
O branco do cais contrasta profundamente com a água castanha do rio. Por vezes penso como pode este rio ser poético. Depois percebo. Excepto a parte mais próxima das águas o muro é branco e duro. Algumas atracas ainda têm as amarras centenárias dos barcos que outrora lá atracaram.
Várias tonalidades. É uma pintura existencialista.
Há turbulência, ligeira, mas há. Não percebo porque é que as gaivotas continuam sempre no mesmo sítio, não estão a fazer nada. São animais-bibelot, ou autómatos animados que reagem apenas ao som de outra gaivota ou ao rumejar de um peixe no fundo do mar. De vez em quando grasnam.
A luz é amarga e amarela. O sol atrás de mim dá tons estranhos à maré. Ela move-se debaixo da maré, uma ninfa, sufocada pela saudade da pureza, num grito surdo pelo Vento do sul.
Um cacilheiro regressa da outra banda. Vai atracar no Cais do Sodré, a uns 200 metros de mim. Queria que fosse uma tarde de verão.
p.s. - sou livre.
domingo, 26 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
Viajar... mas só porque sim
Não é um desejo frívolo de alguém que acha que é a fugir que se resolvem os problemas. Não. É uma necessidade física, algo de quente, urgente, que corre nas veias e não avisa do perigo que seria se todos os dias, a vida nos pusesse amarras de ferro inquebráveis, que nos impedissem. Impedissem de pensar para além da "caixinha mágica", como diria a minha avó ao referir-se à televisão. Que nos impedissem de achar que já não é bom viver a mesma vida de sempre, ou de achar que os nossos sonhos começam a bater às portas da consciência, desejosos que alguém lhas abra e lhes dê um guia de percurso (pois não serão apenas esses, os sonhos concretizáveis, aqueles que vale a pena sonhar?).
Comecei hoje a desfrutar de uma das minhas prendas de natal: O Mundo é Fácil - Aprenda a Viajar com Gonçalo Cadilhe. Desde que acordei, eram umas 11 horas, que ainda não consegui largar o livro. Lá fiz o sacrifício de sair da cama, lavar os dentes e vestir-me para o almoço de Natal, mas de resto todas as fibras do meu corpo me puxam na direcção do livro. E não é feitiço...
Sendo sincera, já tinha uma certa veia viajante, mas nunca me deu para fazer planos a sério: viagens à Argentina, ao México, ao Peru, à Índia... eram tudo sonhos, fantasias mal-concebidas. Nunca as levei muito a sério. Nem nunca pensei que pudesse, no espaço de uns meses, fazer-me à estrada (leia-se aos carris) e descobrir a Europa próxima de mim. Claro que para alguém que vive em Portugal, aquilo que considero "próximo de mim" é um espaço relativamente limitado, mas mesmo assim já é um começo.
Quem ler este post tem de ir urgentemente à livraria mais próxima comprar o livro. Estou a falar a sério. Se ainda não eras um aficcionado por viagens e escapadinhas ao estrangeiro, então garanto-te que com esta obra vais tornar-te um autêntico vagabundo dos trilhos. Isto porque não estamos a falar de um livro indicado para turistas, mas para viajantes. Quando o leres percebes imediatamente a diferença.
Não vais encontrar lá indicações dos melhores hotéis, das melhores praias e restaurantes. Vais encontrar:
- dicas de sobrevivência em locais onde o hospital mais próximo fica a 20 quilómetros numa zona sem transportes
- como poupar dinheiro sem prescindir de nenhum destino escolhido- questões estranhíssimas, tu sabes, aquelas que nunca niguém quer admitir que tem mas que acabam por ser decisivas na maneira como a tua viagem se desenrola
- testemunhos de viajantes experientes e os seus conselhos para o pessoal jovem e com pouco dinheiro.
Além disso, é um livro para ficar em casa e nunca para levares contigo na viagem. O autor proíbe-te, e nesse caso é melhor dar ouvidos.
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