terça-feira, 29 de junho de 2010

Breves momentos

Hoje foi frustrante. Podias ter-me avisado, queria tanto estar contigo um bocado, abraçar-te e sentir a tua respiração na minha pele, o teu abraço sufocante à minha volta, os teus beijos carinhosos e ardentes nos meus ombros e pescoço. Espero sempre pela hora do dia em que vou poder ouvir a tua voz querida e ver o teu sorriso lindo que me faz sorrir de volta... a altura em que posso voltar a olhar bem fundo nos teus olhos, daquela cor que toda a gente tem, mas que mesmo assim consegues tornar únicos, com esse teu "je ne sais quois", esse teu jeito especial que me arrepia o corpo e me aquece o coração. A altura em que me beijas de volta e sinto o calor, a tua língua a enrolar-se na minha, e eu suspiro e deixo-me levar. Deliro quando passo a mão no teu cabelo despenteado, preto como carvão, delicioso, lindo.
O melhor começa quando nos afastamos, após o primeiro beijo e olhamos um para o outro a sorrir, sem jeito e sem saber o que fazer a seguir... mas tu sabes. E agarras a minha mão, num entrelaçar suave de dedos, e eu acaricio a tua pele macia das costas das mãos, e a pele menos macia, mas tão boa, das palmas, e fecho os olhos por breves momentos que parecem passar a voar, mas que talvez sejam mais uma partida do tempo. Na vida tudo o que é bom e nos delicia parece passar a correr, ou a voar como dizem. Para mim não. Para mim o tempo é apenas mais um enigma da vida, que só encurta e engrandece segundo a nossa percepção distorcida da vida.
Era mais fácil e menos doloroso se as horas não dependessem do uso, bom ou mau, que lhes damos. Mas não é assim. Nem o tempo escapa à corrupção humana. E contigo as horas parecem segundos.