quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Devo querer chegar a algum lado

Os ciganos são discriminados. Toda a gente sabe. Toda a gente aceita.

Os pretos são discriminados. Toda a gente sabe. Há quem aceite.

Os portugueses... discriminam. Toda a gente sabe. Toda a gente diz que não.

Onde quero chegar? A lado nenhum. Os media distorcem tudo, a imprensa, a televisão, fazem questão de mencionar nos cabeçalhos dos jornais e nos rodapés das notícias a etnia dos criminosos... como se isso fosse relevante em todos os casos! Como se um cigano que rouba isoladamente numa loja fosse indício de que todos os ciganos roubam nas lojas. Como se, por um preto andar armado numa escola, todos os pretos andam armados nas escolas. Como se lá porque um português foge aos impostos... não significa que todos fujam! Mas as pessoas não se importam. Não. Até é mais prático, assim desconfia-se logo de TODOS os ciganos, de TODOS os pretos... e da maior parte dos portugueses, porque afinal de contas todos nós sabemos que somos má raça. Só que há quem não admita. Mas todos sabem. Porém não o dizem com medo que os chineses lhes vão lá a casa roubar (oh não, espera isso são os ciganos).

Não há ciganos bons e ciganos maus. Há ciganos rígidos e ciganos liberais. Há ciganos violentos e ciganos pacíficos.

Não há pretos bons e pretos maus. Há pretos perigosos, tal como há portugueses perigosos que vivem em bairros sociais em ambientes degradados, num contexto privado de oportunidades para fazerem melhor, e pretos simpáticos.

Não há portugueses bons e portugueses maus. Há portugueses... bem, uns estúpidos e outros menos estúpidos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Window pain

Seguidamente, Vera abriu lentamente a porta, aquela que dava para a mente em branco do cão que caiu da janela aberta. “Window Pain”, disse ela. O cão não respondeu, observou-a com uns olhos brancos sem fim nem principio, ela viu um precipício lá dentro. Fugiu.