Estou a andar de patins há 1 hora. Cansei-me, sinto uma dormência nos pés, nas pernas, que me sobe pelo corpo todo até à cabeça. É mais do que um sonho, a sensação de ser tão leve que o vento me pode levantar no ar e fazer voar sobre o rio.
Breve descrição do Tejo:
Sujo, imundo dos dejectos dos seus habitantes. Já não é a 1ª vez, e não será a última.
O branco do cais contrasta profundamente com a água castanha do rio. Por vezes penso como pode este rio ser poético. Depois percebo. Excepto a parte mais próxima das águas o muro é branco e duro. Algumas atracas ainda têm as amarras centenárias dos barcos que outrora lá atracaram.
Várias tonalidades. É uma pintura existencialista.
Há turbulência, ligeira, mas há. Não percebo porque é que as gaivotas continuam sempre no mesmo sítio, não estão a fazer nada. São animais-bibelot, ou autómatos animados que reagem apenas ao som de outra gaivota ou ao rumejar de um peixe no fundo do mar. De vez em quando grasnam.
A luz é amarga e amarela. O sol atrás de mim dá tons estranhos à maré. Ela move-se debaixo da maré, uma ninfa, sufocada pela saudade da pureza, num grito surdo pelo Vento do sul.
Um cacilheiro regressa da outra banda. Vai atracar no Cais do Sodré, a uns 200 metros de mim. Queria que fosse uma tarde de verão.
p.s. - sou livre.
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