terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um Bairro Qualquer

Algo se estava a passar. Miguel não abria a porta, mesmo depois de a campainha ter tocado ruidosamente mais de dez vezes seguidas. O dedo de Paula doía de tanto pressinar o interruptor. Tinha chegado há cerca de meia hora ao bairro, chamado o elevador, e como sabia que Miguel tinha saído na noite anterior pensou que pudesse estar de ressaca no quarto ou na casa-de-banho, e, por isso, esperou. Ia tocando pacientemente no botão da campainha, esperando cerca de cinco minutos entre cada nova tentativa. Após cinco tentativas falhadas, e depois de ter a prova inelutável de que a casa não estava vazia, pois ouviu um baque surdo lá dentro, na madeira do soalho, muito perto da mesa de pinho escura que ela sabia estar ao lado da porta, Paula começou a insistir mais, aumentando a frequência dos toques para dois ou três a cada cinco minutos, até que finalmente ouviu um gemido carrancudo do outro lado.
- Pára, porra. Já vou.

Sem comentários:

Enviar um comentário